Alexandre alcançou a última e decisiva vitória sobre os persas e, através das suas inúmeras campanhas, criou um império vastíssimo que compreendia a Grécia, o Egito, a Pérsia e se estendia até à Índia.
Começa então uma época nova na história da humanidade, caracterizada pelo desenvolvimento de uma comunidade internacional em que a cultura e a língua gregas desempenham um papel dominante. Este período, que durou cerca de três séculos, é denominado “Helenismo”, termo que designa tanto um período histórico como a supremacia da cultura grega nos três grandes reinos helenísticos – a Macedônia, a Síria e o Egito.
A partir do ano 50 antes de Cristo, Roma assumiu a hegemonia política e militar. A nova potência conquistou, uns a seguir aos outros, todos os reinos helenísticos e, a partir de então, a cultura romana e a língua latina dominaram desde a Espanha, a ocidente, até ao interior da Ásia. Começa então o período romano também designado por "Antiguidade tardia". Mas deves reparar numa coisa: antes de os Romanos conquistarem o mundo helenístico, Roma tinha-se tornado uma província cultural grega. Deste modo, a cultura grega - e a filosofia grega - teriam ainda um papel importante depois do declínio político da Grécia.
“Religião, filosofia e ciência”
O Helenismo foi marcado pelo desaparecimento das fronteiras entre os diversos países e culturas. Anteriormente, Gregos, Romanos e Egípcios, Babilônios, Sírios e Persas tinham venerado os seus deuses dentro do que geralmente chamamos uma "religião nacional". Nesta fase as diversas culturas misturaram-se e fundiram-se num grande caldeirão que continha idéias religiosas, filosóficas e científicas de todo o tipo.
Podemos dizer que a ágora urbana foi substituída pela arena mundial. Também a ágora antiga foi animada por vozes que ofereciam as suas diversas mercadorias, e diferentes pensamentos e idéias.
A novidade era que as ágoras eram agora invadidas por mercadorias e idéias de todo o mundo. Por isso, as vozes soavam em diversas línguas diferentes.
Já referimos que as concepções gregas se difundiram muito para além dos antigos territórios gregos. A partir de então, deuses orientais eram também adorados em toda a região do Mediterrâneo. Nasceram várias religiões novas cujos deuses e concepções religiosas provinham de diversas culturas antigas. Este fenômeno é designado por fusão de religiões ou “sincretismo”. Anteriormente, os homens sentiam-se vinculados ao seu próprio povo e à sua própria cidade-estado. Como essas fronteiras e divisões eram cada vez mais postas de parte, muitos sentiram dúvidas e insegurança em relação à sua concepção de vida. A Antiguidade tardia foi marcada, em geral, pelas dúvidas religiosas, pela desagregação cultural e pelo pessimismo. "O mundo está velho", dizia-se.
As novas religiões que surgiram então tinham duas características em comum: fundavam-se em doutrinas que aspiravam a libertar os homens da angústia da morte; além disso, muitas destas doutrinas eram secretas. Seguindo os seus preceitos e participando em determinados rituais, o homem podia esperar obter a imortalidade da alma e uma vida eterna. O conhecimento acerca da verdadeira natureza do universo podia ser tão importante para a salvação da alma como os rituais. [...] A filosofia caminhava também no sentido da "salvação" e da serenidade no que diz respeito à vida. A visão filosófica não tinha apenas um valor em si mesma, como ainda devia libertar os homens da angústia da morte e do pessimismo. Desta forma, apagaram-se os limites entre a religião e a filosofia. De um modo geral, podemos dizer que a filosofia do Helenismo não foi particularmente original. Não apareceu nenhum outro Platão ou Aristóteles. Em vez disso, os três grandes filósofos atenienses tornaram-se uma importante fonte de inspiração para diversas correntes filosóficas, das quais vou falar sucintamente. “A ciência” do Helenismo também estava influenciada pela mistura de diversas experiências culturais. A cidade de Alexandria, no Egito, tinha um papel chave como ponto de encontro do Oriente e do Ocidente. Enquanto Atenas continuava a ser a capital da filosofia, com as escolas filosóficas deixadas por Platão e Aristóteles, Alexandria tornou-se a metrópole da ciência. Com a sua grande biblioteca, esta cidade passou a ser o centro dos estudos de matemática, astronomia, biologia e medicina. A cultura helenística pode ser comparada com o mundo de hoje. O século XX também é caracterizado por uma comunidade internacional cada vez mais aberta, que provocou no nosso tempo grandes transformações na religião e na concepção de vida. Tal como, no início da nossa era, podíamos encontrar em Roma concepções religiosas gregas, egípcias e orientais, no final do século XX podemos encontrar em todas as cidades européias de uma determinada extensão concepções religiosas de todas as partes do mundo. No nosso tempo, vemos que uma mistura de religião, filosofia e ciência antigas e novas pode constituir a base para novas ofertas no "mercado das concepções do mundo". Muito deste "novo saber" é, na realidade, uma herança antiga cujas raízes remontam ao Helenismo. Como já foi mencionado, a filosofia helenística continuou a ocupar-se dos problemas que tinham sido levantados por Sócrates, Platão e Aristóteles. Todos desejavam estabelecer como é que o homem deve viver e morrer da melhor forma. Deste modo, a “ética” foi colocada na ordem do dia. Tornou-se o projeto filosófico mais importante da nova comunidade internacional. A questão era esta: em que consiste a verdadeira felicidade e de que modo pode ser alcançada?
Principais escolas: